quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O inexistente Pedro.

Pedro era o segundo dos três filhos. Gostava de brincar com os colegas do condomínio onde vivia. Andava muito com seu vizinho, um garoto de mesma idade, de um tipo muito criativo. Era ótimo em inventar jogos. Eram grandes amigos.

Na adolescência, ganhara um computador. Disputava com os irmãos para usá-lo. Pedro ficava madrugadas em jogos e sites avulsos, acordava cedo e dormia a tarde toda. Já não saía mais para brincar. Nem percebeu que não via seu vizinhos há três semanas quando ele se mudou. Pedro mudou-se de colégio, queria novos amigos.

Em seu novo colégio, Pedro andava com um grupo de amigos. Com o grupo, saía para o shopping, assistia filmes no cinema, conhecia garotas. Graças à ajuda de seus novos amigos, Pedro deu seu primeiro beijo, aos 14 anos. Suas madrugadas na internet agora era com a companhia deles em chats e jogos. Pedro enfim se sentia sendo parte de algo, prometeu nunca deixá-los.

O tempo passou e Pedro ingressou na faculdade. Logo fez amizade com os colegas de curso. Faziam churrascos, iam pra baladas, viajavam em excursão para congressos... Eram verdadeiros companheiros. Pedro percebeu que nunca tivera amizades nesse nível antes, era incrível o quanto se divertiam juntos. Cheio de trabalhos, começou a deixar de acessar a internet como o fazia antigamente e, com isso, perdeu o contato com seus amigos de colégio.

Após, se formar, Pedro logo recebeu uma proposta de emprego para trabalhar fora do estado. Ele não recusou essa oportunidade, seu trabalho era árduo mas o salário compensava. E o ambiente de trabalho também era bom: Pedro conheceu seus colegas de trabalho, jovens que sonhavam ascender na vida. Era com eles que saía para tomar um chopp toda sexta. Pedro iniciara sua vida financeira independente.

Passaram-se anos e Pedro permanecia no mesmo emprego. Seus antigos colegas de trabalho haviam subido de cargo ou mudaram de empresa. Os novos colegas de trabalho, ainda jovens sonhadores, não conversavam tanto assim com ele, claramente um homem mais velho que eles e sem tantos sonhos assim. Pedro já não falava com seus amigos de faculdade desde quando se formara. Já não falava com sua família desde quando mudou-se de estado, sequer sabia como estavam seus irmãos ou se sua mãe estava bem. Sua vida agora era seu emprego, nada mais.

Pedro estava a 16 anos no cargo quando fora demitido. Queriam um elenco jovem, disseram. Pedro não tinha amigos, não tinha família e agora não tinha emprego. Então, peloa primeira vez, Pedro refletiu sobre sua própria vida e ele desejou de coração poder voltar no tempo e cultivar com mais esforço as amizades que ele deixava pra trás. Mas ele não podia,

Pedro tinha 40 anos quando resolveu pôr fim à sua vida. Passaram-se duas semanas até os vizinhos notarem. Pedro, na verdade, nunca existiu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário